Possui graduação em Engenharia de Minas pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, doutorado direto em Engenharia Mineral pela Rheinisch-Westfälische Technische Hochschule Aachen, Alemanha, e especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Além de ter recebido vários prêmios por excelência acadêmica, possui sólida experiência na indústria mineral, tendo atuado como Engenheira de Minas por mais de 6 anos em uma empresa multinacional de origem alemã e em uma empresa de consultoria e projetos para Engenharia de Rochas. Desde 2015 é Professora Doutora do Departamento de Engenharia de Minas e de Petróleo da USP, na especialidade "Lavra de Minas", lecionando na Graduação e Pós-Graduação disciplinas relacionadas principalmente à Lavra Subterrânea. Possui uma Linha de Pesquisa na segurança e controle estrutural de maciços rochosos (em obras a céu aberto e sobretudo subterrâneas), com ênfase em Mecânica das Rochas. Foi da Diretoria do Comitê Brasileiro de Mecânica das Rochas (CBMR), atuando como Tesoureira de 2015 a 2020. Atualmente é membro do Conselho Diretor da Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica (ABMS) (Conselheiro CBMR) para o biênio 2021-2022.
1. Por que a carreira em Mecânica de Rochas? Qual a principal motivação?
Acredito que foram vários os fatores que contribuíram para a escolha da minha profissão: o grande interesse pela Matemática (minha matéria preferida na escola) e pela Física, e também, não posso deixar de mencionar, a influência indireta do meu pai, que sendo Engenheiro de Minas, costumava trazer para casa amostras de minérios que recebia nas minas, e eu achava aquilo o máximo. Então me lembro que quando estudei a classificação das rochas segundo sua gênese nas aulas de Geografia, fiquei encantada e tive certeza de que queria ser Engenheira de Minas. O curioso é que quando chegou a época do vestibular e contei à família o que queria prestar, todos, e principalmente meu pai, ficaram surpresos. Já com relação à carreira em Mecânica das Rochas, a principal motivação é sua enorme importância em todos os processos produtivos da indústria mineral, em que é fundamental a responsabilidade do Engenheiro de Minas, por exemplo, nos desmontes por explosivos, na estabilidade dos taludes rochosos nas cavas, e no dimensionamento correto das estruturas subterrâneas das minas. Assim, no estudo dos Métodos de Lavra e de Tratamento dos Minérios fui progressivamente sendo despertada para essa área, por perceber que é impossível atuar como Engenheiro de Minas sem o real conhecimento da Mecânica das Rochas.
2. Uma situação inusitada por que passou em sua carreira profissional, em especial algo relacionado ao fato de ser mulher.
Sinceramente, não me lembro de muitas situações assim. Mas na época em que eu trabalhei como Engenheira de Minas numa multinacional alemã, eu costumava visitar muitas mineradoras e dependendo do projeto passava semanas em uma dada mina. Obviamente para realizar o trabalho de campo, temos que colocar a roupa de trabalho e todos os EPIs necessários. Em uma dada mina, me lembro que não havia nenhum vestiário feminino, e realmente lá trabalhavam pouquíssimas mulheres. Assim por gentileza da secretária, acabei tendo que usar as suas instalações exclusivas, e tendo um tratamento especial, VIP.
3. Como decidiu entrar para a diretoria do CBMR? Quais os seus anseios na condução do comitê?
Tive a honra de ser convidada pelo Professor Sérgio Fontoura para fazer parte da Chapa para a Gestão 2015-2016 do CBMR que acabou sendo eleita. Na ocasião queria poder contribuir com o Comitê, participar no incentivo dos mais jovens no estudo e conhecimento da Mecânica das Rochas e conhecer outros profissionais de diferentes partes do Brasil, igualmente entusiasmados e com os mesmos interesses no desenvolvimento da Mecânica das Rochas no país.
4. Deixe uma breve mensagem às demais mulheres geotécnicas/mecanicistas de rochas
Continuarem a se dedicar à Geotecnia e à Mecânica das Rochas, que são áreas extremamente importantes para a Engenharia e a Sociedade, e ainda com muitos desafios, sem se preocuparam com os estereótipos da profissão.