Carlos Emmanuel Ribeiro Lautenschläger é graduado em Engenharia Civil (2008) e mestre em Engenharia Civil na área de Geotecnia (2010) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. É doutor pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro na área de Geotecnia (2014), com tese na área de mecânica das rochas. Atuou como pesquisador junto ao Grupo de Tecnologia e Engenharia de Petróleo (GTEP / PUC-Rio) desenvolvendo projetos relacionados à geomecânica de poços e reservatórios entre os anos de 2012 e 2017. Foi professor na Universidade Gama Filho (2011 a 2012) e na Pontíficia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2012 a 2018). Desde 2018, é professor adjunto e chefe do Departamento de Engenharia Civil na Universidade Estadual de Ponta Grossa, onde ministra disciplinas e conduz pesquisas nas áreas de Mecânica dos Solos e Rochas. É membro da diretoria do Comitê Brasileiro de Mecânica das Rochas (CBMR), com atuação ativa na organização de atividades em nível nacional e internacional junto ao comitê, como edições do Simpósio Brasileiro de Mecânica das Rochas (SBMR), Congresso Internacional de Mecânica das Rochas e Engenharia de Rochas (ISRM 2019) e edições do RockBowl.
1. Por que a carreira em Mecânica de Rochas? Qual a principal motivação?
A mecânica das rochas entrou na minha vida profissional no início do doutorado, quando optei por realiza-lo na PUC-Rio. Desde cedo na graduação, quando encontrei na Geotecnia a minha área de maior interesse, a ideia de permear pelas diferentes áreas geotécnicas ao longo da minha formação acadêmica se fez presente. Após uma graduação dedicada à área experimental e mestrado na área modelagem numérica na UFRGS, ambos em solos, senti a necessidade de preencher uma lacuna existente na área de rochas em minha formação. Lembro que foi durante o COBRAMSEG de Búzios, ainda no mestrado na UFRGS, que procurei o Prof. Sergio Fontoura (PUC-Rio) para saber mais sobre estudos numéricos em rochas, com aplicação em geomecânica do petróleo. O tema pareceu bastante desafiador, e entendi que seria necessária uma sólida formação em rochas para conduzi-lo no meu doutorado, e por isso optei pela PUC-Rio, referência no tema. Já durante os créditos, pude me aprofundar na mecânica das rochas tanto pela realização de disciplinas no assunto, quanto pelo trabalho de pesquisa aplicada junto ao GTEP, via projetos com a Petrobras e outras empresas. Depois de iniciar os estudos na área, e de perceber a vastidão do tema, me encantei pela mecânica das rochas e sigo na minha busca por aperfeiçoamento nesta área da geotecnia, que já faz parte da minha carreira há pelo menos 10 anos.
2. Houve alguma situação inesquecível (ou curiosa/ inusitada) na sua atuação em rochas, que gostaria de compartilhar com o público?
Penso que há um conjunto de situações que são marcantes em nossa vida profissional, algumas mais cotidianas e outras que perduram por certo tempo. Meu viés profissional é acadêmico, de forma que sempre me envolvi com docência, organização de eventos junto à ABMS e ao CBMR, cursos na área de mecânica e engenharia de rochas, entre outras atividades. Penso que um dos momentos inesquecíveis que vivi em minha trajetória profissional foi a realização do ISRM 2019, evento quadrianual da ISRM realizado no Brasil, do qual tive a honra de ser secretário executivo. Foram mais de 4 anos de organização, e sem dúvida ver o sucesso do evento, evidenciado pela satisfação dos participantes, foi um dos pontos mais importantes da minha carreira em rochas, pois envolveu trabalho duro e muito aprendizado. Ainda nos momentos inesquecíveis, agora no âmbito da docência, o que mais me marcou (e pode até parecer simples para muitos) foi conseguir criar e ofertar a disciplina de Mecânica das Rochas no curso de graduação de Engenharia Civil da UEPG, gerando muita satisfação pessoal e realização profissional. De momentos inusitados, certamente preciso citar o primeiro RockBowl, que foi apresentado por mim em 2014, por ser algo que jamais me imaginei fazendo! Eu estava muito nervoso na ocasião, pois eram muitas pessoas assistindo, mas o jogo tem um caráter tão envolvente que, depois que tudo se iniciou de fato, se tornou uma experiência leve, divertida e gratificante, que hoje recordo com imenso carinho.
3. Como decidiu entrar para a diretoria do CBMR? Quais os seus anseios na condução do comitê?
Por trabalhar com o Prof. Sergio Fontoura na época em que foi presidente do CBMR, e acompanhar de perto sua imensa dedicação ao Comitê e à ISRM, acabei me interessando e me envolvendo nas atividades como membro jovem, atuando por exemplo no desenvolvimento do primeiro RockBowl. Na eleição seguinte (para a gestão 2015-2016) fui convidado pelo Prof. Sergio para participar do CBMR como secretário executivo, posição que ocupei até a gestão 2019-2020, presidida pelo Prof. Lineu Ayres. Atualmente, como vice-presidente do CBMR, junto à presidente Vivian Marchesi e dos demais colegas de diretoria (Talita, Massao e Márcio), prossigo com o entendimento da importância das associações no desenvolvimento da geotecnia no nosso país, especialmente na área de rochas. Assim como em gestões anteriores, coloco como aspecto de destaque a aproximação de jovens geotécnicos com a área de mecânica das rochas, para que possam colaborar ativamente com a diretoria, e quem sabe no futuro até fazerem parte dela, como ocorreu comigo. Ser um membro ativo das associações é um processo de aprendizado pessoal e profissional permanente, que resulta em experiências enriquecedoras e únicas.
4. Deixe uma breve mensagem aos demais associados do comitê.
Gostaria de dizer que é uma honra compor a diretoria do CBMR, e que estamos abertos sempre à participação dos integrantes da comunidade geotécnica que se interessam pela área de rochas. Acredito pessoalmente que tudo que se realiza em conjunto tem maiores chances de prosperar, principalmente quando há sinergia na equipe de trabalho, o que felizmente é o caso em todas as gestões em que participei. Aos que estão no início de suas jornadas acadêmicas e percebem que gostam da área de geotecnia, recomendo que invistam nela, pois é uma área fascinante. É uma parte da engenharia que requer muito estudo e trabalho (é verdade), mas que nos proporciona a visão de diferentes horizontes a cada nova descoberta! Aos profissionais já estabelecidos na área de rochas, bem como às empresas com atuação no tema, convido a participarem conosco junto do CBMR: queremos ouvir e aprender cada vez mais com as experiências dos pares, para constantemente melhorar nossas ações em prol da difusão do conhecimento. Aos nossos mestres geotécnicos, do time dos mais experientes, deixo especialmente um agradecimento por nos inspirarem constantemente para o bom enfrentamento dos desafios que a geotecnia traz, assim como a nossa permanente disponibilidade para trabalhar em conjunto.