Cem pontos a vinte. Este foi o placar que levou a equipe da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC-USP) ao primeiro lugar do podium da 2ª edição internacional do Rockbowl – o emocionante jogo de perguntas e respostas sobre mecânica das rochas que aconteceu durante o Congresso Internacional da Sociedade Internacional de Mecânica das Rochas (ISRM), em Foz do Iguaçu (PR), nos dias 13 a 18 de setembro de 2019.
Composta pelos jovens engenheiros Gabriel Ferrara Bilesky (primeiro à esquerda na foto), João Gabriel Mercio Xavier Zacarin (terceiro à direita) e Tayra Müller Silva Lopes (centro) e orientada pelo professor Tarcísio Barreto Celestino (quarto à direita), ex-presidente da Associação Internacional de Túneis e do Espaço Subterrâneo (ITA) e do Comitê Brasileiro de Túneis da ABMS, a equipe da USP São Carlos disputou o Rockbowl com outros 18 times que vieram representando diversos países do mundo – um recorde de participação, de acordo com a organização do jogo.
Na final contra o grupo da Queen’s University, do Canadá, a equipe “brilhou”, como comenta Tarcísio Barreto Celestino. “Não tinha dúvidas da capacidade deles de ganhar a competição, porém, também não tinha convicção que isso aconteceria. Mas vencer com tamanha facilidade, isso me surpreendeu”, admite o professor. “A equipe da Queen’s University contava com três competidoras altamente qualificadas. Uma delas defenderia sua tese de doutorado duas semanas após a competição. Também por isso foi uma honra muito grande ver meus alunos brilharem”.
Outra surpresa marcou a edição internacional: Gabriel Ferrara Bilesky, da USP São Carlos, e Lucas Dornelles, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, ganharam ambos o título de Melhor Jogador da competição internacional por conta de um empate – os dois conquistaram 80 pontos no jogo.
Para Celestino, a vitória conquistada por seus alunos de mestrado do curso de Mecânica das Rochas na EESC-USP foi prova de que é possível se superar. “O processo de ensino tende a ser desigual no começo, uma vez que o aluno sempre sabe menos que o professor. Mas chega um momento em que os alunos vão além do professor. E foi o caso. Os três foram além daquilo que ensinei. O mérito é totalmente deles”.
Vencedores da edição nacional e melhores jogadores
A equipe de São Carlos chegou à competição internacional a partir da vitória na edição nacional do Rockbowl, que aconteceu durante o Cobramseg 2018, em Salvador (BA). A equipe era composta, àquela época, por Esteban Vindas, Milena Cardos e Tayra Müller. Por conta da defesa de sua dissertação de mestrado no ano passado, Esteban teve que deixar a competição. “Então convidei para a equipe Lucas Dornelles, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que ganhou a categoria Melhor Jogador na edição nacional”, lembra Celestino. (Na foto, da esq. à dir., Lucas Dornelles e Gabriel F. Bilesky, vencedores do prêmio de Melhor Jogador do Rockbowl 2019).
Do sul do país, Dornelles passou a frequentar as aulas de Tarcísio Celestino que também eram transmitidas online de São Carlos aos alunos da Escola Politécnica da USP. Porém, uma mudança nas regras da competição fez com que a equipe novamente se alterasse. O jogo passou a permitir que os países enviassem mais de uma equipe, fazendo com que a competição fosse entre universidades e não entre nações.
“Por ser aluno da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Lucas Dornelles teve que sair de nossa equipe para representar a UFRGS”, esclarece o orientador da equipe. “Por conta disso, agreguei outro aluno, o João Gabriel Zacarini, , para competir pela EESC-USP”.
Troca de conhecimentos e novas experiências
Foi a primeira vez que João Gabriel Zacarini participou de uma competição como o Rockbowl. Para o engenheiro, o jogo trouxe a chance de conhecer mais de perto a comunidade técnica de mecânica das rochas. “Tive a oportunidade de estar em contato com gente renomada da área, pessoas que eu só tinha conhecido pelos artigos e livros”, disse. “Por isso, agradeço o professor Tarcísio pela chance que me deu de participar do time”.
A oportunidade foi bem aproveitada, conta o engenheiro. “A troca de ideias e o contato é superimportante. Discutir tanto com outros colegas que estão começando na área quanto com profissionais mais experientes traz uma noção mais ampliada da área. Isso ajuda bastante a nos motivar dentro do meio acadêmico”.
Já a engenheira Tayra Müller aposta nos jogos nacionais e internacionais como forma de difusão da área da mecânica das rochas. “Muitos jogadores não tinham um olhar mais dedicado à área de rochas antes do Rockbowl”, conta. “Então a primeira coisa que o jogo proporciona é a difusão da mecânica das rochas para outras universidades do Brasil, que é um país tão rico em sua geologia”.
Sua experiência como jogadora fez com que a equipe se preparasse ainda melhor para o que estaria por vir. “Nenhum competidor consegue ganhar sozinho. Você precisa do ânimo da equipe, precisa de ajuda. Esse espírito de equipe é um aprendizado valioso”.
Para o engenheiro Gabriel Bilesky, outro ponto importante é a integração entre estudantes. “Além de promover a participação dos jovens em congressos importantes, o Rockbowl é um evento bem divertido. Era muito fácil perceber como os alunos estavam engajados. Foi bastante proveitoso”.
“Acredito que participar do Rockbowl seja valioso não só pela competição em si, mas pela experiência de conhecer outros jovens pesquisadores e o trabalho que estão realizando. Para mim, esse é o principal legado”.
Fonte: ABMS - Associação Brasileira de Mecânica do Solo e Engenharia Geotécnica